Joaquim Maria Simões Pleno nasceu em 15 de outubro de 1908, em Santana (Figueira da Foz). É um dos dez filhos do matrimónio de Manuel Maria Simões Pleno com Ana de Jesus Ferreira.
A sua formação musical foi efetuada pelo seu Pai, notando-se-lhe grandes capacidades para a composição. Começou a tocar flautim na Filarmónica Santanense aos oito anos, tendo composto a sua primeira canção por volta dos nove anos de idade. Frequentou a escola, de onde sai sem completar a 4.ª classe. Para ajudar a família, vai trabalhar para uma serração de madeira. Como Manuel Pleno havia sido convidado para reger a banda de Arazede, toda a família se mudou para ali, onde Joaquim conheceu o Professor, hábil a tocar violino, embora tivesse parcos conhecimentos musicais. Joaquim pediu-lhe então que o preparasse para o exame da 4.ª classe e, como forma de pagamento, ensinava-lhe teoria musical e solfejo.
Lentamente, a sua formação musical consolida-se, merecendo a confiança de toda a comunidade. Após o falecimento de um tio, que dirigia a banda de Liceia, Joaquim Pleno foi convidado para o substituir, tendo iniciado assim a sua carreira como Regente.
Aos 16 anos viajou para a Pampilhosa com o seu Pai, que aceitou um convite para dirigir a Filarmónica Pampilhosense. Tendo sofrido um acidente em 1925, Manuel Pleno acaba por passar, no ano seguinte, a batuta ao jovem Joaquim, que se mantém no comando durante 63 anos.
Entretanto, casou com Paulina de Melo Lindo, que lhe deu quatro filhos, Sílvio, Manuel, Natália e Rosa, tendo os rapazes enveredado por uma carreira como músicos militares e compositores.
Joaquim Pleno, durante a sua vida, esteve à frente das bandas de Liceia, Arazede, Poiares, Barcouço, S. João de Areias e Pampilhosa, bem como das Tunas de Souselas e Franciscas (Cantanhede). Foi também presidente da Direção da FP, pelos anos de 1970. Foi o compositor exclusivo da Casa “Olímpio Medina” de Coimbra. Escreveu centenas de composições para filarmónicas e orquestras, tendo-se inscrito na Sociedade Portuguesa de Autores. A sua obra estará espalhada por todo o país, talvez nem só, assinada por si e também pelo seu pseudónimo, Talarosa (junção dos nomes das suas filhas, Natália e Rosa).
Entre outras homenagens, foi-lhe atribuída, em 12 de maio de 1991, a medalha concelhia de Mérito Cultural pela C. M. de Mealhada e, no dia 25 de abril de 1999, na sua última homenagem em vida, prestada pelo Povo da Pampilhosa, o seu nome ficou perpetuado no coreto da Vila. Dirigiu a Filarmónica Pampilhosense até 1989. A sua substituição na FP causou algum nervosismo por parte da Direção de então. Sendo uma figura bastante respeitada pela população, infelizmente a sua idade já não lhe permitia dirigir a banda com alguma qualidade. No final da década de 1980, o grupo de músicos estava deficitário, devido a muitos fatores, sobretudo à ocupação profissional de cada elemento. Também a fase de construção da nova Sede veio trazer alguma instabilidade à banda, razão pela qual era urgente manter algum equilíbrio na mesma.
Joaquim Pleno adoeceu em março de 1989, pelo que era necessária a sua substituição, embora provisória. Manuel L. Pleno, seu filho, era na altura o Presidente da Direção, e dirigia a Banda de Música de Anadia. Como a doença do seu Pai prolongou-se, podemos observar na ata de 21 de julho de 1989, que «a Direcção decidiu que o Sr. [Joaquim] Pleno ficasse a fazer parte e [a] dirigir a banda com o Sr. Manuel Pleno, ficando [este] também a dirigir a banda mas que o Sr. [Joaquim] Pleno ficava com o ordenado que está [a receber atualmente].» Joaquim Pleno auferia mensalmente 18.000$00 mais 2.000$00 de prémio de saída. Manuel Pleno já não era o presidente, pois, conforme a Assembleia Geral decorrida em maio de 1989, a Direção era agora presidida por Joaquim da Conceição Tomé.
Pessoa muito querida por todos os pampilhosenses, pudemos observá-lo, durante toda a década de 1990, passeando alegremente pelas ruas da Vila e cantarolando muitas das suas composições. Já numa cama dos Hospitais da Universidade de Coimbra, perto da sua hora, cantarolou, da sua autoria, a marcha fúnebre “Último Beijo”, tal como nos contou, emocionado, o seu filho Manuel Pleno, numa das suas últimas visitas.
Joaquim Pleno faleceu no dia 29 de junho de 2001, com 92 anos de idade. Jaz no cemitério velho da Pampilhosa.
in Vieira, Daniel - "Filarmónica Pampilhosense: Da Génese ao Infinito". Pampilhosa: Ed. Autor, 2012.
